segunda-feira, 28 de novembro de 2011

n(ã)o devido lugar

é segunda de manhã e todo mundo reclamando por ter acordado tão cedo.
Eu não acordei.
e o nariz tá no pescoço.
Um café, dois, três. vamos escrever algo que faça sentido. Mas... O que faz sentido? O que faz? Sentido? Vejo um senhor lá longe.
Um real pro salgado. Você poderia me dar? Eu vivo na rua, sou peregrino.
Digo que só tenho o dinheiro pro meu ônibus, mas ele não parece acreditar. Tenho medo. Na outra mão, que não é a estendida pra recolher qualquer coisa, dinheiro, centavo que seja, tem algo pontiagudo, que ele mantém nas costas. 
Desculpa, só tenho isto, senhor. Ele me olha. Talvez meus sapatos não ajudem a dar credibilidade às minhas palavras. Eles custaram dois reais. 
Mas para um peregrino que diferença faz?
Ele só precisa passar mais um domingo.
Depois mais uma segunda.
Depois terça.
Um dia de cada vez.
Eu poderia ter voltado pra casa a pé.
Mas a gente sempre vem em primeiro lugar.

Kemely

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